Porque achamos algo bonito?

(Re-editado a partir de um texto que escrevi para a Revista Living For, 2012)

Você provavelmente já deve ter tido esta experiência. Em algum dia da sua vida, já passou pela situação de experimentar um vinho avinagrado? Se sim, certamente recordará da sensação pouco agradável ao paladar. Embora muitos não saibam distinguir um bom vinho de um vinho excepcional, certamente reconhecerá o gostinho azedo de um vinho que se tornou vinagre.

Nossa visão do cotidiano acontece mais ou menos dessa forma. Onde moramos, o carro que dirigimos, a cadeira que sentamos e até mesmo o cartão de visitas das nossas reuniões. E como esses poderiam estar relacionados entre si, e ainda mais com o vinho do parágrafo anterior? Uma palavrinha, ou melhor ainda, uma única letra grega dá norte a essa questão: “Phi”, que significa a chamada “proporção áurea”, “razão aurea” ou “divina proporção”.

"Phi" é constante algébrica e explica o padrão de crescimento da natureza. Desde a antiguidade clássica e do renascimento é empregado durante o processo criativo de esculturas, telas e edifícios. Você facilmente reconhecerá o desenho do Homem Vitruviano e a pintura de Monalisa como sendo de autoria de Leonardo Da Vinci. Poucos sabem, porém, que para conceber tais desenhos, Da Vinci fez uso desta constante para distribuir o desenho pela tela. E isto garantiu proporção, beleza e harmonia.






Da mesma forma, fizeram os egípcios, ao conceberem a pirâmide de Gizé, e os gregos, ao conceberem de forma acertada as proporções de um de seus maiores monumentos, o Parthenon. Nessas obras é possível reconhecer como esta constante de crescimento está presente na estética e norteia a proporção. Enxergamos nelas a beleza e a harmonia.



Veja aqui um vídeo que explica de maneira muito fácil tudo isto! E o melhor, quem apresenta é o Pato Donald, em um vídeo de autoria da Walt Disney e indicado para todas as idades. Aqui vai um vídeo bacana para quem tem crianças! Junta a criançada na sala para um vídeo vintage!




Voltando para o vinho, o conhecimento específico e a experiência de quem entende de vinho muito provavelmente garantirão a habilidade de distinguir o vinho bom do excepcional. Para as artes, arquitetura e natureza, essa capacidade de distinção parece ser quando passamos a observar o que está ao nosso redor, uma característica intrínseca ao ser humano. Possivelmente nos tornamos tendenciosos ao belo como reconhecimento inconsciente do padrão de crescimento natural. Esse padrão é reconhecido no nosso próprio corpo, como vemos na imagem no Homem Vitruviano, na fauna e flora, como exemplo com algumas conchas, e em vários elementos da natureza.



Mesmo sem saber ao certo o porquê, conseguimos distinguir o belo do feio e o harmônico do desproporcional. Este é o enigma sugerido pela constante “Phi”. Nomeada em homenagem ao escultor grego Phídeas, que a teria utilizado para conceber o Parthenon, essa letra grega rege um padrão de crescimento ao infinito. A aplicação desta constante na concepção artística gera produtos mais suscetíveis ao conforto visual das pessoas, por exprimir harmonia e proporção visual.

Podemos citar outros exemplos emblemáticos, como o edifício das Nações Unidas, nos Estados Unidos, e o Taj Mahal, na Índia. Nas artes, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Botticeli. E, mais impressionante, essa constante pode ser encontrada em elementos que assimilamos muito facilmente, como a logo da maçã provavelmente mais conhecida no mundo, da empresa Apple, a cadeira Barcelona de Mies van der Rohe e o espremedor de laranja do designer Philippe Starck.

E qual a mágica por trás disto? De acordo com Adrian Bejan, professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, isto advém da maior facilidade e rapidez em que o olho humano assimila a proporção “Phi” perante outras, uma vez que elas já estão presentes na natureza. Bejan explica ainda que visão e cognição evoluem de forma igual, e por isto o fenômeno se traduz na eficácia do cérebro em sempre buscar assimilar imagens com maior facilidade e rapidez.


Se achou tudo até aqui balela, então propomos um desafio. Meça a distância do seu umbigo até o chão e divida pela distância do umbigo até a sua cabeça. Para uma grande parcela da população, o resultado dessa conta será aproximadamente 1,618! Esse é exatamente o valor da proporção áurea.
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